Acorrentada na areia
20 de mai. de 2018
It's been a while
Já faz um tempo, um grande tempo, que não arrumo a bagunça.
Já faz um tempo, um enorme tempo, que não tiro um tempo.
Faz um tempo, não sei quanto tempo, que tudo tem estado assim, e não sei como é esse assim. Passam-se os dias e tudo parece igual, em alguns momentos pior, e por mais estranho que possa parecer, é quando fica pior que fico melhor. Ausência. Não sei há quanto tempo, mas me falta algo. Não vejo as horas passar, não vejo as folhas do calendário se desprender. Não sei quanto tempo faz, não sei o que tanta falta me faz. Passam-se as semanas e tudo está igual, em alguns dias pior, e por mais intrigante que possa soar, é nesses dias que fico melhor. Ausência. Não vi aquilo deslizar entre os dedos. Os fogos da virada de ano parecem estalar todos os dias, o natal e suas luzes agonizantes são diários. Passam-se os meses e tudo está igual, em algumas semanas pior, e por mais bizarro que pareça, são nessas que estou melhor.
Já faz um tempo, um bom tempo, que não sinto.
Já faz um tempo, um grande tempo, que acumulo coisas.
Já faz um tempo, um enorme tempo, que preciso de um tempo.
8 de abr. de 2017
Desconexo
Essas pintas que colorem o teu rosto pálido, esses fios escuros que saem da tua cabeça, essa magreza não tão magra... talvez tudo isso valha a pena, talvez sejam esses os motivos de eu me levantar todas as manhãs.
Fico feliz que a gente tenha chegado até aqui, ainda mais feliz fico em pensar até onde podemos ir, mas me aborrece pensar, e saber, que terá um onde. Temos prazo de validade? Eu espero que me digas que não, mas o silêncio sempre foi e sempre será o seu maior eufemismo.
Se der, e se quiser, fique, é sempre um enorme prazer te ter por perto. Muito obrigada por ter estado, não sabes o quanto já fez por mim, e o quanto podes fazer. Seria egoísmo meu pedir que fiques? Ou mero apego talvez?
Eu te amo você.
Fique.
17 de jun. de 2016
16 de jun. de 2016
Resiliência
11 de mar. de 2016
Surrealismo utópico
Outro dia me perguntaram se por causa dessa - maldita - distância entre nós, não seria pior se tu me quisesses tanto quanto te quero, me disseram que sofreriamos. Quem dera sofrer.
Uma semana por ano é tudo o que tenho contigo, e cada meia hora que passa e eu não estou ao lado teu, é mais uma eternidade nessa minha função exponencial. Mas eu te juro, meu amor, que se apenas nessa uma semana eu te tivesse, e ainda assim não fosses exclusivamente meu, a minha felicidade seria tamanha que mal caberia nesse minúsculo ser que sou.
O problema é que eu sou mais platônica, emocional e tu estás mais pra racional, carnal.
Eu sou romantismo, tu és realismo, eu sou cubismo e tu renascentismo, eu arte contemporânea e tu pontilhismo, eu tô pra barroco e tu pra trovadorismo. E sabes qual a graça de tudo isso? A existência de uma arte sempre dependeu e dependerá da existência de outra, não importa quão contrastante sejam.
Existem vários tipos de arte, escolha uma, vamos nos contrastar, coexistir, completar.
27 de jan. de 2016
Anemia amorpriva
- O que te traz aqui?
- Acho que estou doente, doutor
- Quais os sintomas?
- Meus olhos estão inchados
- Pode ser conjuntivite
- Acho que perdi muito peso também
- Vou te passar uns exames
- A minha cabeça lateja
- Algo mais?
- Por vezes me sinto tonta, e aí me vem um enjôo de súbito, e de súbito se vai
- Prossiga
- Suor constante, acompanhado de febre
- Ah, querida! Isso é deficiência!
- De ferro, doutor?
- De amor
Finge dor
Tão longe e distante
Tão perto e acalmante
Um baita de um fingidor
Finge tanto que chega a ser dor
Por vezes, finge ser amor
Tão perto e acalmante
No entanto, longe e distante
Um baita de um amor
Ama tanto que chega a causar dor
Por vezes, finge ser fingidor
O que fazer? O que pensar?
Sei apenas sentir, falta
Sinto sua falta.