10 de nov. de 2014

Universo paralelo

Em um quarto de hospital, em alguma madrugada, lá estava ela, sentada ao lado do corpo que possuía coração, mas não mais a sua alma. Da sua poltrona podia ver todas as outras pessoas em macas do lado de fora, dormindo, alguns enfermeiros e médicos transitavam calmamente pelos corredores.

Meia hora depois o mesmo corpo sem alma pareceu novamente ter a sua alma, parecia preenchido de vida e amor outra vez, emanando um brilho lilás intenso e um calor aconchegante, o corpo parecia subir por um cordão de tom prateado. Hipnotizada pelo esplendor do momento, ela ficou parada, apenas observando e sentindo toda a energia e amor que circulava por aí.

Um apito estridente a despertou, ela segurou na mão do corpo que agora apesar de manter os olhos fechados parecia a observar, e então os médicos chegaram, 3 médicos, 1 enfermeira, em perfeita sintonia e alvoroço. Choque e massagem não foram suficientes, todas as 8 tentativas perfeitamente concluídas de reanimação não pareceram suficientes, foram todas em vão, e nesse momento ela soube que aquele corpo agora era nada mais do que um pedaço de carne condenado a apodrecer lentamente.

Ela se levantou, e seguiu a voz que chamava o seu nome ao final do corredor, entrou pela singela porta branca e estava em seu quarto, e da porta de seu quarto era capaz de observar a si mesma na cama, e sua mãe aos prantos, em tentativa de acorda-la, logo ao seu lado. 

Do outro lado da cama, o corpo do hospital havia se tornado um esboço branco que sorria gentilmente para ela, e então sumiu.

Acordada por sua mãe desesperada recebeu a noticia, sua bisavó falecera.

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