Me olhei no espelho essa manhã, por um instante hesitei, não me reconhecia mais.
Assim como um palhaço que já perdeu a sua graça, e um truque de mágica que perdeu o seu mistério, subitamente pareço, novamente, não viver mais.
A causa da morte é de origem desconhecida, a razão para sorrir já foi a meses perdida, e agora marcas irregulares e inchados e tristes olhares tomam espaço do antigo e vivo rosto sorridente.
Completamente vazia, incapaz de sentir qualquer sentimento, parcialmente incapaz de processar qualquer pensamento, senão os que me perturbam, me afligem, e me repelem de mim mesma.
Capaz apenas de olhar para qualquer direção e me ver plantada a uma distância "segura" de mim mesma, quieta, borrada e desfocada. Com tanto medo quanto uma pequena garotinha que acorda sem motivos pela madrugada.
E a cada segundo que passa, me vejo mais isolada, abandonada e desemparada, e por mais estranho e confortante que isso possa me parecer, sou incapaz de ter uma opinião sobre tal, ou algum sentimento, seja de medo, ou solidão. Apenas sei que estou só, mas isso não me incomoda.
Incapaz de sentir atração, desejo, dor, tristeza, paixão, solidão, amor, angustia, medo, anceios e receios..
Apenas só, sentada em um chão frio, rabiscando algumas palavras que agora voam pela página de meu caderno, procurando desesperadamente alguma conexão, algum resquício emocional.
Pairada sobre a folha, a última lagrima desperdiçada.
Mais nada.
Nada.
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