22 de jan. de 2015

Pretérito mais que incompleto

Você vivia
a me dizer que eu era linda
E eu sabia
que tudo era apenas mentira
Mas eu sorria
por um motivo que desconhecia
Talvez porque sabia
Que à uma parte de mim, você pertencia.

A cor mais bela

O seu professor um dia ensinou
Azul e amarelo? Vira verde, mas é claro
E num outro dia você descobriu
Que azul com violeta, daria anil
Um pouco mais pra frente
Você cresceu, e já é quase gente
Descobriu que o cinza e algo pouco antes da lapela
Só poderia dar vermelho, a cor mais bela!

Diário

Eu gostaria de não me sentir assim, em relação à tudo e todos.. Quero dizer, isso é algo que ninguém jamais deveria sentir, o temor e ao mesmo tempo o desejo pelo pior. Olhar à sua volta e imaginar o que poderiam estar pensando, o que será que poderia acontecer, quais os meios de escapar ou participar de cada única e miserável situação de risco...
Esses pensamentos e sentimentos podem ir muito além do que imaginamos, são capazes de sair de nossos pensamentos e invadir o nosso corpo, que criará então por si próprio, a indesejadamente desejada, situação.
E é nesse momento que a sua respiração começa a falhar, seguida de uma leve tontura que anda lado a lado com sua grande amiga, fraqueza. E desse momento em diante, você sabe que suas opções são minimas, aguardar em repouso, ou seguir seu caminho até algum lugar mais seguro. Porque qualquer que seja a sua decisão, você já sabe o que vai acontecer.
Você decide caminhar, comprar uma água talvez. Não foi bem pra esse dia que planejou que acontecesse. O sol começa a queimar sua pele de um modo friamente anormal. Seu corpo parece congelar, o seu suor é tanto, que pinga, e as mãos começam a tremer.
Com muita calma e concentração consegue se estabilizar, agir normalmente, e ir até algum lugar, faz o que tem que fazer, e sai. Ao sair. o misero esforço de empurrar uma singela porta comercial de vidro faz com que sua pressão despenque, suas mãos falhem completamente, e você se torna incapaz de até mesmo segurar uma garrafa d'agua.
Ao derrubar tudo, olhos se voltam para você, mas você já é incapaz de ver, sua visão se apagara, junto aos outros sentidos. E então, você cai.
Depois de alguns bons segundos você infeliz ou felizmente desperta, algumas pessoas lhe oferecem água e algo para aumentar a glicose de seu sangue. Tolos! O que me falta é a glicose na alma. E então, ao pensar isso, a sua abstinencia de glicose almária é sanada por alguns instantes, ao ver o gracioso sósia que te ajuda, com aquele grande sorriso no rosto, que seria capaz de curar qualquer ataque de panico ou ansiedade, em qualquer grau.
Aquele sorriso, que por alguns instantes, te trouxe à tona a realidade.
E a realidade? Bom, nos primeiros instantes é agradavel. Segundos depois, todos os sentidos são perdidos novamente.

21 de jan. de 2015

Princesa

Rosto inocente, feito menina
Assim que chegou, ahhh, me alegrou de prima
Mente agitada, feito mulher
Assim que eu te vir, ahhh, corro na ponta dos pés
Só pra te ver, e te ouvir falar
E finalmente te pegar no colo e cair de tanto rodar
Sinto saudades do seu cheiro
Dos seus tapas e dos seus beijos
Mesmo que na verdade, nunca tenha chegado a senti-los
Minha menina, princesinha morena
Me perdoe as falhas, e obrigada o poema
Se não fosse tão você, eu não saberia o que escrever
Por mais que não saiba, ninguém me inspira tanto
Quanto você.

Humanos estranhos

Nós humanos somos seres estranhos
Nos escondemos ao fazer amor
E nos expomos para violentar

Nós humanos somos seres estranhos
Nos envergonhamos ao ajudar
Mas nos vangloriamos ao insultar

Nós humanos somos seres estranhos
Fazemos apologia à nossa alegria
E nenhum de nós sabemos aonde está

Nós humanos somos seres estranhos
Trabalhamos por anos, ganhando dinheiro
Para não conseguir aproveitar ao se aposentar

Nós humanos somos seres estranhos
Nos colocamos no topo do mundo
Mas nos esquecemos que o mundo gira.

Aonde isso vai parar?

Fake face

You ACT like an angel
You THINK like an angel
You LOOK like an angel
But in fact, you're the dangerous demon

Best friend ana

Feet together, thighs apart
The collar bones is where we start
Count the ribs and feel the hips
That's what makes us a skinny bitch

20 de jan. de 2015

Ê saudade

Mal vejo a hora de te ver de novo, e te relembrar o quão lindo és
Aposto que nem se lembra, que para te abraçar, usava a ponta dos pés.
Mal vejo a hora de te ver de novo, e tocar de novo esses teus cabelos
Aposto que nem imagina como sua falta me deixa vagando a esmo.
Mal vejo a hora de te ver de novo, e poder ver esse teu olho lindo
Aposto que nunca se deu conta, desse teu brilho tão vivo
Mal vejo a hora de te ver de novo, e poder fazer o que deixei de fazer
Poder dizer, as palavras ainda não ditas, poder tocar, aonde não ousei
Poder me permitir, ser feliz outra vez
E tentar te fazer tão feliz, como um certo dia me fez.

Tri

Há algum tempo a tristeza bateu em minha porta, pediu gentilmente para entrar, disse que estava com saudades mas que logo ia sair pois tinha outros a visitar. Eu disse "Mas é claro, queira entrar" e lhe ofereci uma xicara de chá. Sentamos então e começamos a prosear, conversa vai, conversa vem, a Tri resolveu ficar. Deitou ao meu lado, e vimos alguns filmes juntas, e a dor começou a aumentar.
"O que tens, minha menina?" ela se pôs a perguntar. "Uma pequena dor de cabeça, meu estomago também queima.. Mas tudo bem, jajá passa." Ela me ouviu falar.
Atenciosa como sempre, não hesitou em acariciar meus cabelos, disse-me coisas muito bonitas sobre de onde vinha, me contou como tudo era, pintou o meu mundinho de cinza.
Beijou meus ombros e percorreu as minhas costas com a ponta dos dedos, me causando calafrios e talvez até um pouco de medo. A Tri foi se aproximando devagar, dizendo coisas bonitas, e eu apenas a escutar..  Tri é meio impaciente, e não gosta de me ouvir falar.
Então apoiou-se sobre meus ombros, e eu relaxava com a massagem quando a chuva começou a cair. Os céus já haviam se dado conta, de que a Tri ainda estava por ali.
Com muito jeitinho segurou a minha mão, e para mim, cantou a mais bela canção até eu dormir.
No dia seguinte, acordei, Tri já não estava mais ao meu lado, tampouco na sala, tampouco no céu. Tri havia se mudado, para um lugar mais frio e abandonado do que de onde viera. Tri agora habita, meu singelo coração.

18 de jan. de 2015

Duas semanas depois

Seu relógio marcava 10:47 da manhã, com alguns poucos minutos de atraso talvez. O sol já estava à pino, e o calor queimava confortavelmente suas costas nuas. Caminhando com uma calma que surpreendia até a si mesma, ela examinava com cautela lápide por lápide, túmulo por túmulo, seus olhos buscavam incontrolavelmente e, diga-se de passagem, desconfortavelmente, pelo nome que ainda ecoava em sua mente desde o incidente surreal.
Em meio a um pouco mais do que, segundo suas estimavas, cerca de 500 túmulos com em média 6 nomes gravados, ela conseguiu encontrar apenas 4 do nome que procurava. "Talvez seja um nome não muito comum naquela época" pensou. E se referia àquela "época" porque os falecimentos ali registrados eram de no máximo 1980.
Notara também que haviam vários gatos pelo cemitério, e apaixonada por gatos que só ela, tentava em vão, acaricia-los. Todos muito ariscos, sempre fugiam antes mesmo de ela de fato se aproximar.
Depois de uma ronda geral, todos os nomes haviam sidos anotados, com seus respectivos sobrenomes, em ordem na qual foram encontrados. "Talvez mais tarde eu consiga adquirir alguma informação com isto". De volta ao centro do pequeno cemitério reencontrou seus avós à sua espera, se posicionou logo atrás e os seguia em direção ao carro.
Após um pequeno trajeto de cerca de 8 minutos, chegaram à igreja. Haviam vários santos espalhados, cercados por jóias, doces, plantas, e até mesmo água, um jardim impecavelmente cuidado, e uma limpeza de dar gosto a qualquer perfeccionista. Isso a fascinara de um modo quase raro de se acontecer. A cidade era pequena mas poluída, as pessoas eram definitivamente tudo, menos respeitosas ou cuidadosas, mas sabiam como se portar naquele ambiente.
Pedidos feitos, donativos colocados em seus devidos locais, oração já realizada, ela agora analisava a estrutura. A pequena igreja de João de Camargo era repleta de artefatos históricos em ótimo estado, e isso a distraia uma vez que seus avós ainda não haviam finalizado suas orações.
Então ela ouve um miado longínquo, calmo, e que se repetia num intervalo de tempo quase que perfeitamente certeiro. Caminhou um pouco para vários lados em busca do gato. "Talvez ele esteja machucado, perdido ou com fome" repetiu baixinho para si mesma.
E então encontrou o gato, tentou se aproximar, e dessa vez obteve sucesso. Acariciou o pequeno gatinho malhado que não se dispunha nem a olhar para ela. Ainda acariciando o gato, e abaixada naquela posição desconfortável, seguiu os pequenos olhos do felino em direção à parede do lado externo da capela, e sobre a parede estava um quadro de uma moça jovem, séria, com ar de mona lisa. Foto antiga, preta e branca, com baixa qualidade de imagem, as marcas do tempo eram nitidamente visíveis.
E embaixo, uma singela placa dourada tão velha quanto: "Descanse em paz, Helena."

Helena

Morena, alta, bonita
Radiante, pálida, viva
Fria, cautelosa, sorridente
Temperamental, racional, estridente
Emocional, egoísta, solidária
Apática, amorosa, rude
Encantadora, perturbadora, maravilhosa
Delicada como uma rosa
E dolorosa como seu espinho.
Ahhhh, mulherzinha misteriosa!

Sobre nós

Ainda tenho aqueles sonhos bobos
Penso que um dia eu volte a te ver
E possa então te beijar de novo
E te abraçar com um gosto
Que ninguém jamais vá fazer

Ainda imagino, em todas as madrugadas
Nós dois e um maço de cigarro
Vendo estrelas à beira da estrada

Ainda preciso te ter
E sanar a minha abstinência
Com a tua convivência
E teu maravilhoso jeito de ser

Nunca deixei de pensar
Nem deixei de ser
Tampouco de te querer
Talvez nem sequer de te ter

Nunca deixei de te amar
E de planejar
O nosso futuro
O nosso crescer.

Quem você é agora?

Quem você era agora
É quem você é
Agora é
Quem você é agora
Era quem você é
Agora era
Quem você é agora
É quem você era.

Códigos explicitos

Muito grande é a raiva que me dá
Ainda maior o amor que em mim desperta
Tem contigo todo o mistério do mundo
Hoje mesmo nem se dispôs a prosear

Mas mesmo assim saiba que te amo
E que quero muito te ferir
Um milhão de vezes

Até eu precisar cuidar de ti
Mas não cuidaria
Ou talvez até o faria
Rá, vai ficar na dúvida.

Olhares

Você era a minha cura!
E eu te olhava com ternura...
Meu amor só crescia!
E eu te olhava todo dia...
Te ter era a minha sorte!
E eu te olharia até a minha morte...
Então você foi embora
Pois eu te olhava a toda hora...
Acho que no fundo o meu maior medo
Era você e não, te perder.
Dizem que quando encaramos nossos medos
Eles se vão
E agora eu olho, para o chão.