20 de jan. de 2015

Tri

Há algum tempo a tristeza bateu em minha porta, pediu gentilmente para entrar, disse que estava com saudades mas que logo ia sair pois tinha outros a visitar. Eu disse "Mas é claro, queira entrar" e lhe ofereci uma xicara de chá. Sentamos então e começamos a prosear, conversa vai, conversa vem, a Tri resolveu ficar. Deitou ao meu lado, e vimos alguns filmes juntas, e a dor começou a aumentar.
"O que tens, minha menina?" ela se pôs a perguntar. "Uma pequena dor de cabeça, meu estomago também queima.. Mas tudo bem, jajá passa." Ela me ouviu falar.
Atenciosa como sempre, não hesitou em acariciar meus cabelos, disse-me coisas muito bonitas sobre de onde vinha, me contou como tudo era, pintou o meu mundinho de cinza.
Beijou meus ombros e percorreu as minhas costas com a ponta dos dedos, me causando calafrios e talvez até um pouco de medo. A Tri foi se aproximando devagar, dizendo coisas bonitas, e eu apenas a escutar..  Tri é meio impaciente, e não gosta de me ouvir falar.
Então apoiou-se sobre meus ombros, e eu relaxava com a massagem quando a chuva começou a cair. Os céus já haviam se dado conta, de que a Tri ainda estava por ali.
Com muito jeitinho segurou a minha mão, e para mim, cantou a mais bela canção até eu dormir.
No dia seguinte, acordei, Tri já não estava mais ao meu lado, tampouco na sala, tampouco no céu. Tri havia se mudado, para um lugar mais frio e abandonado do que de onde viera. Tri agora habita, meu singelo coração.

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