Em meio a um pouco mais do que, segundo suas estimavas, cerca de 500 túmulos com em média 6 nomes gravados, ela conseguiu encontrar apenas 4 do nome que procurava. "Talvez seja um nome não muito comum naquela época" pensou. E se referia àquela "época" porque os falecimentos ali registrados eram de no máximo 1980.
Notara também que haviam vários gatos pelo cemitério, e apaixonada por gatos que só ela, tentava em vão, acaricia-los. Todos muito ariscos, sempre fugiam antes mesmo de ela de fato se aproximar.
Depois de uma ronda geral, todos os nomes haviam sidos anotados, com seus respectivos sobrenomes, em ordem na qual foram encontrados. "Talvez mais tarde eu consiga adquirir alguma informação com isto". De volta ao centro do pequeno cemitério reencontrou seus avós à sua espera, se posicionou logo atrás e os seguia em direção ao carro.
Após um pequeno trajeto de cerca de 8 minutos, chegaram à igreja. Haviam vários santos espalhados, cercados por jóias, doces, plantas, e até mesmo água, um jardim impecavelmente cuidado, e uma limpeza de dar gosto a qualquer perfeccionista. Isso a fascinara de um modo quase raro de se acontecer. A cidade era pequena mas poluída, as pessoas eram definitivamente tudo, menos respeitosas ou cuidadosas, mas sabiam como se portar naquele ambiente.
Pedidos feitos, donativos colocados em seus devidos locais, oração já realizada, ela agora analisava a estrutura. A pequena igreja de João de Camargo era repleta de artefatos históricos em ótimo estado, e isso a distraia uma vez que seus avós ainda não haviam finalizado suas orações.
Então ela ouve um miado longínquo, calmo, e que se repetia num intervalo de tempo quase que perfeitamente certeiro. Caminhou um pouco para vários lados em busca do gato. "Talvez ele esteja machucado, perdido ou com fome" repetiu baixinho para si mesma.
E então encontrou o gato, tentou se aproximar, e dessa vez obteve sucesso. Acariciou o pequeno gatinho malhado que não se dispunha nem a olhar para ela. Ainda acariciando o gato, e abaixada naquela posição desconfortável, seguiu os pequenos olhos do felino em direção à parede do lado externo da capela, e sobre a parede estava um quadro de uma moça jovem, séria, com ar de mona lisa. Foto antiga, preta e branca, com baixa qualidade de imagem, as marcas do tempo eram nitidamente visíveis.
E embaixo, uma singela placa dourada tão velha quanto: "Descanse em paz, Helena."
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