22 de ago. de 2015

Olha a merda que deu

Pegou a mala e viajou pra lugar nenhum, no meio do caminho ela tomou um decisão: Não tomaria mais decisões. Refletindo distraída, pensou muito sobre nada e chegou à conclusão de que já estava decidida: Ela iria mudar a sua vida.
Mudaria o que tinha, agora morta ela chegava à lugar nenhum. Após algumas horas vagando pelo mesmo m² a esmo, ela descobriu o que tinha de fato decidido mudar. Encarou timidamente a tal vida que mudaria, e decidiu mais uma vez: Não ousaria mudar algo tão perfeito.
Se encantou pela sua vida, finalmente descobriu que "lugar nenhum" era uma serra litoreaneamente paradisíaca, e passou a pensar pouco sobre muito. Aproximou-se e encontrou abrigo, próxima daquilo que sempre buscara sem saber, novamente decidiu: Eu farei da minha vida a mais feliz do mundo.
Pouco tempo depois deixou lugar nenhum e voltou fisicamente para sua casa. Aborrecida e incompleta por ter abandonado sua alma e perdido a oportunidade de fazer o que havia decidido a respeito de sua vida, mas ao mesmo tempo feliz por ter deixado sua alma em lugar nenhum, decidiu outra vez: Eu voltarei para busca-la, e esquecerei minha vida.
Mas não demorou muito, descobriu que sua vida já havia levado a alma dali, pouco tempo depois de tê-la abandonado. Pensou, inocentemente, que sua ansiedade era por conta da falta da alma, e foi em busca dela. No caminho, tomou uma decisão: A alma já me basta, evitarei a vida.
Doce ilusão. A pobre garota precisou de se encontrar com a vida para buscar sua alma, e está presa desde então na grande armadilha traiçoeira em que se colocou. Ah menina, você sabe que não é boa com decisões.
E dessa vez ela refletiu, em sincronia perfeita comigo que vos narro: Olha a merda que deu.

Dedos descuidados

Esse é um daqueles textos que nunca te mandarei, vou ficar apenas lendo, imaginando a tua reação e a tua resposta. Um daqueles textos onde eu vou tentar, em vão, explicar tudo o que eu tô sentindo.
Saudade não é exatamente a palavra certa, abstinência talvez. Chega a ser estranha o tamanho da falta que me faz, e o tamanho da necessidade, por assim dizer, que sinto em falar com você, te ver, te tocar, te abraçar...
Eu fico aqui pensando, imaginando, o que é que você quer de mim. Faço planos, tenho sonhos, e em todos eles tem você, aqui ou ali, mas aonde eu tô, você sempre tá também. É o primeiro pensamento após o despertar, e o último ao repousar.
Você, definitivamente, não é a razão de o meu mundo girar, mas pode se dizer que talvez seja a razão de o giro valer a pena. Você, definitivamente, não tem nem ideia do quanto eu amo você, e nem eu tenho, no entanto, continuaremos sem saber, a menos que esses meus dedos trêmulos e descuidados te enviem por um mero descuido do acaso, ou por uma vontade inconsciente, esse texto incoerente.
E enquanto falo falo e nada digo, reflito sobre toda essa gente inteligente, que ainda não criou um vocabulário ao menos plausível, pra que eu possa expressar melhor o que eu queria da gente.
Você me desculpa, viu? Mas vou ter que te deixar só na curiosidade, porque mesmo que tivessem criado o tal vocabulário mágico, eu não te diria nada sobre isso, não tão cedo assim, não de forma tão vaga e direta assim.

Droga benigna

De todas as drogas pelas quais eu poderia me viciar, meu corpo escolheu você. No início, tal como todas as outras drogas, a mente dizia que não, mas o corpo dizia que sim, e esse desejo incontrolável que meu corpo alimentava, fez com que a minha mente passasse a dizer que sim.
Comecei a te querer mais e mais, comecei a te precisar mais e mais, e mesmo quando te tenho meu corpo se contorce em abstinência, pois apenas uma dose de você não basta mais.
Mergulhada em abstinência e obsessão, de uma forma não quase, mas completamente doentia, eu te desejo intensa e imensuravelmente. Para curas as dores, que à mim provocaste, para aquilar a loucura, que alimentaste, para apagar o fogo, que incendiaste e para resolver os problemas, que criaste.
Você é a causa de tudo, a consequência do mesmo e a solução de tal. Você é um bem que me faz mal e é um mal que me faz bem. Apesar e por causa disso, quero apenas ver-te livre de todo mal, e poder chamar-te de meu bem.